Numa família grande como a minha, em que o nome dos pais começava pela letra M (Manoel e Maria Isabel), e os filhos receberam nomes também com a letra M, lá no meio, o quarto filho de nove, fui batizado como João Batista, em homenagem ao santo padroeiro da minha terra natal – Queluz, pequena cidade do Estado de São Paulo, situada no Vale do Paraíba, divisa com o Estado do Rio de Janeiro, bem perto da Serra Mantiqueira. O caçula também recebeu nome com a leta J, José Roberto (Beto), mas infelizmente faleceu cedo demais, aos 14 anos.
Sempre me disseram que devemos conhecer a história de vida de nosso santo onomástico (com o mesmo nome), devotando-lhe especial atenção. Passei, então, a ler sobre a vida de São João Batista e descobri sua importância para o catolicismo e a razão de ser do segundo nome: Batista.
Fiquei encantado quando descobri que São João Batista era filho de Zacarias e Isabel, prima de Maria, mãe de Jesus. As primas ficaram grávidas praticamente ao mesmo tempo, com pequena diferença de tempo, primeiro Isabel e depois Maria. Daí resulta que o padroeiro era primo de Jesus e foi o responsável por seu batismo nas águas do rio Jordão. E minha mãe Isabel tinha o mesmo nome da mãe do padroeiro. Fiquei muito feliz e revigorado quando soube da coincidência de nomes.
Nas leituras que fiz encontrei que o padroeiro nasceu em Aim Karim, povoado israelense que fica a seis quilômetros de Jerusalém, onde seu pai, Zacarias, era sacerdote no templo. Sua mãe, Santa Isabel, era prima de Maria mãe de Jesus. Já adulto ele pregou a conversão e o arrependimento dos pecados por meio do batismo, o que ele fazia atendendo todo o povo, daí receber o nome de João Batista, aquele que batiza.
A história conta que o padroeiro teve um nascimento milagroso. Sua mãe Isabel era idosa e nunca havia engravidado. Tinham-na por estéril até que o anjo Gabriel apareceu a Zacarias e anunciou que sua esposa teria um filho, que deveria se chamar João. Zacarias não teria acreditado e emudeceu. No entanto, pouco tempo depois, Isabel engravidou como anunciado pelo anjo.
Na mesma época, o anjo apareceu para Maria e anunciou que seria a mãe do Salvador e que sua prima Isabel estava grávida. Em sequência, Maria foi visitar Isabel, que a saudou dizendo “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! De onde me vem que a mãe do meu Senhor me visite?” Essa saudação passou a fazer parte da Ave Maria. Logo na chegada de Maria, João mexeu no ventre da mãe Isabel, o que já era um sinal de sua predestinação. Por essa razão, e pelo anúncio do anjo, diz-se que o padroeiro nasceu milagrosamente, pois fora consagrado a Deus desde o ventre materno.
A partir dos 6 anos aprendeu a ler e escrever com os pais, como era costume da época. Ao completar 14 foi estudar na irmandade nazarita, próxima ao Rio Jordão.
Já adulto, o padroeiro percebeu que chegara sua hora: foi morar no deserto para rezar, fazer sacrifícios e pregar: “a voz que clama no deserto”. Procurava convencer as pessoas que se arrependessem de seus pecados. Usava vestes simples, confeccionadas com pelo de carneiro, com cinto de couro em torno da cintura. Lá teve vida muito difícil, alimentando-se de coisas da terra, como gafanhotos, mel e frutas de alfarroba, planta abundante na região mediterrânea. Após muita oração passou a ser conhecido como profeta, pessoa enviada por Deus. Sua voz sempre anunciava a vinda do Messias, o que era ouvido cada vez por mais pessoas ao seu redor. Por causa de seu carisma, por vezes o povo achava que o padroeiro era o próprio Messias, mas ele corrigia e apontava Jesus como o verdadeiro.
Durante suas pregações, o padroeiro não poupava o rei local, Herodes Antipas, denunciando sua vida adúltera e o fato de ser um fantoche de Roma e a vida desregrada de seu governo. Isso teria consequências sérias para o padroeiro: foi preso por 12 meses até ser morto a pedido de Salomé, que seria enteada do rei, por decapitação, por volta do ano 27 d.C.
A importância de São João Batista está registrada no Novo Testamento: foi ele o precursor de Jesus, o homem que O antecedeu e anunciou a Sua vinda ao mundo e a salvação que o Messias traria para todos. Esse anúncio era feito com a frase: “Eis o cordeiro de Deus, eis aquele que tira o pecado do mundo”, como consta expressamente de sua oração.
É considerado o último dos profetas, bem como o primeiro mártir da Igreja. Sua festa sempre foi comemorada no dia 24 de junho. Sua representação ainda menino e aquela em que ele abraça um cordeirinho. Já a de adulto é aquela em que o padroeiro batiza Jesus e a que segura um bastão em forma de cruz.
Que São João Batista seja louvado na sua data e em todos os outros dias, para sempre!